Quatro anos após a morte de Ana Luisa Ferreira Marcelino da Silva, de 10 anos, a mãe da menina, Alessandra Ferreira Marcelino, segue em busca de justiça. A menina faleceu no Hospital Roberto Silvares, em São Mateus, após receber atendimento do falso médico Leonardo Luz Moreira. O acusado enfrentará o Tribunal do Júri na próxima quinta-feira (27), às 8h, no Fórum de São Mateus, pelos crimes de homicídio qualificado, exercício ilegal da medicina e falsidade ideológica.
“Durante esses quatro anos, temos lutado por justiça. Nossa incessante luta, todo esse clamor, é para que nenhuma família, nenhuma criança passe por essa dor e revolta que vivemos. Acreditamos no Ministério Público e na Justiça do nosso país”, declarou Alessandra.
Prisão e Defesa do Acusado
Leonardo Luz Moreira foi preso em dezembro de 2024, após o Ministério Público do Espírito Santo (MPES) solicitar sua prisão preventiva. Ele foi capturado pela Polícia Militar do Paraná, onde dizia residir, mas investigações revelaram que frequentava presencialmente um curso de Medicina no Paraguai. Ao descumprir a ordem judicial de não deixar o país sem autorização, representava risco à aplicação da lei penal e à ordem pública.
Após ser preso, Leonardo contratou uma banca de advogados do Paraná para sua defesa. Sua equipe tentou transferir o julgamento para outra comarca, argumentando que a cidade de São Mateus não ofereceria um ambiente imparcial para o júri. No entanto, o pedido foi negado tanto pela 1ª Vara Criminal de São Mateus quanto pelo Tribunal de Justiça do Estado (TJES). O juiz Felipe Rocha Silveira destacou que, segundo o IBGE, São Mateus tem uma população de 123.752 habitantes e não pode ser considerada uma cidade pequena.
Relembre o Caso
Em 2021, após a morte de Ana Luisa, investigações da Polícia Civil e da Polícia Federal revelaram que Leonardo Luz Moreira cursou um semestre de Medicina na Bolívia antes de solicitar transferência para uma faculdade brasileira. Para validar sua transferência, ele teria adulterado documentos, registrando quatro anos de estudo em vez de apenas seis meses. Com os documentos falsificados, foi contratado por diversas prefeituras do Norte do Espírito Santo e pelo governo estadual. Segundo a Polícia Federal, ele cobrava entre R$ 20 mil e R$ 40 mil por serviços de falsificação.
A mãe de Ana Luisa relatou que a filha faleceu após receber uma prescrição errada do falso médico. Ele diagnosticou a criança com gastroenterite e afirmou que sua mucosa estava irritada, não recomendando medicação. Segundo Alessandra, o falso médico ainda sugeriu que a menina tomasse refrigerante caso desejasse. Durante o atendimento, ao receber a medicação na veia, Ana Luisa passou mal, sofreu uma convulsão e faleceu nas primeiras horas do dia 12 de janeiro de 2021.
Posicionamento da Defesa
Os advogados de Leonardo Luz Moreira divulgaram nota afirmando que confiam na Justiça e que buscarão demonstrar que os fatos não ocorreram conforme descrito na denúncia do Ministério Público. A defesa também alegou que pressões políticas e sociais podem comprometer a imparcialidade do julgamento, citando um vídeo de uma vereadora e da vice-prefeita de São Mateus convocando a população para uma manifestação no dia do julgamento.
Agora, com o julgamento marcado, a família de Ana Luisa e toda a comunidade aguardam a decisão da Justiça.
Comente este post