A Secretaria de Estado da Segurança Pública e Defesa Social (Sesp) determinou o afastamento dos policiais militares envolvidos na abordagem que resultou na morte do jovem vistoriador de veículos Danilo Lipaus Matos, de 20 anos, em Colatina, Noroeste do Espírito Santo. O caso será também investigado pela Corregedoria da PM.
A versão dos policiais
Consta no boletim policial que participaram da ocorrência o sargento Renan Pessimílio, o cabo Rodrigo de Jesus Oliveira, e os soldados Eduardo Nardi Ferrari, Ramon Lucas Rodrigues Souza e Guilherme Martins, sendo que o último teria ficado dentro da viatura e não fez disparos.
No documento, os policiais narram que o carro Fiat Strada, dirigido por Danilo, estava em fuga após ignorar uma ordem de parada dada. Os militares afirmam que foram informados via rádio por um sargento da corporação de que os ocupantes “poderiam ser indivíduos que estavam em fuga em uma caminhonete roubada, que desceram por um matagal e possivelmente teriam roubado a Fiat Strada”. Um soldado teria comunicado que uma pessoa que estava no banco do passageiro do veículo estaria portando uma arma.
A ocorrência diz que “um homem de estatura forte havia feito muitos disparos na Rua Castelo Branco próximo ao Sanear, tiros ouvidos pelos militares”. E segue descrevendo que “diante de todo o contexto remetendo a confronto armado e fuga por várias ruas” os policiais avistaram o carro Fiat Strada na Rua Ângelo Morozoni, no bairro São Braz, em Colatina. Os PMs dizem no boletim que emitiram “sinais sonoros e luminosos” para que o motorista parasse, mas as ordens não teriam sido acolhidas, dando sequência à perseguição já iniciada por outras viaturas.
O boletim informa ainda que “em virtude de todo o cenário criado” durante a perseguição, com base nas comunicações via rádio, o sargento Renan Pessimílio e o soldado Eduardo Nardi Ferrari desceram da viatura e atiraram contra o carro Fiat Strada, pois, segundo eles, o motorista do veículo “avançou com o carro na direção dos militares”. O documento aponta que, ao todo, 44 tiros foram efetuados contra o veículo: 15 disparos pelo sargento Renan Pessimílio, 15 pelo soldado Eduardo Nardi Ferrari, 12 pelo cabo Rodrigo de Jesus Oliveira e dois pelo soldado Ramon Lucas Rodrigues Souza.
Os PMs informaram na ocorrência que, após a sequência de tiros, Danilo, que dirigia a Fiat Strada, abriu a porta do carro e caiu na calçada da rua, “não sendo mais movimentado”. Narram ainda que, com o jovem já morto, realizaram uma “busca ligeira no banco do carona e na parte de baixo, necessitando retirar os objetos que ali estavam” e que “o restante do local foi todo preservado, apenas com atuação da equipe do Samu/192”, que confirmou a morte de Danilo no local. A Carteira Nacional de Habilitação (CNH) do jovem foi encontrada na capa do telefone dele. Um outro celular teria sido encontrado debaixo do tapete do veículo no lado do carona. Armas não foram encontradas. E o veículo pertencia a Danilo. Não era roubado.
Associação diz que ação é legítima
A Associação das Praças da Polícia Militar e Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Espírito Santo (Aspra) também acompanha a ocorrência. Por nota, a entidade informou que colocou “o jurídico à disposição para acompanhar a apuração dos fatos e esclarecer as ações dos nossos associados” e que acredita que as ações dos PMs foram legítimas.
Comente este post